Encontro com as Artes revisita os ‘Anos Rebeldes’ e transforma Museu Sacaca em espaço de memória e identidade cultural em Macapá
Evento da Escola Santa Inês teve 14 apresentações, incluindo dança, teatro, música e exposições, conectando estudantes e comunidade escolar à década de 1960.

A década de 1960 voltou ao centro do debate nesta quarta-feira, 2, no auditório do Museu Sacaca, em Macapá, durante a edição do Encontro com as Artes 2025. Organizado pela Escola Estadual Santa Inês, o evento reuniu estudantes, professores e comunidade escolar em uma programação marcada por apresentações artísticas e reflexões sobre um dos períodos mais transformadores do século XX.
Com o tema “Década de 60: Os Anos Rebeldes”, a iniciativa abordou movimentos sociais, mudanças culturais e expressões artísticas que marcaram a época. Dança, teatro, música, exposições e performances criadas pelos próprios estudantes compuseram a programação, que conectou passado e presente ao tratar de temas como tropicalismo, ditadura militar e resistência política.
A diretora da Escola Santa Inês, Elidete Bezerra, ressaltou a importância do envolvimento coletivo.

“Esse é um momento de celebração do esforço de alunos e professores. A temática deste ano nos faz revisitar memórias e comparar o passado com o presente. Existe uma veia artística em cada um e esse evento mostra isso de forma muito bonita. Agradeço e parabenizo toda a coordenação e os que se dedicaram para que este momento seja de excelência para todos”, disse a gestora.
Um dos momentos centrais foi a apresentação “Tropicalismo em Cena”, que retratou a ousadia estética e a força política do movimento liderado por artistas como Caetano Veloso e Gilberto Gil. O coral “Canto de Liberdade”, com a interpretação de “Não Chores Mais”, reforçou o papel da música como expressão de luta e identidade coletiva.

Coordenador do projeto e professor de Artes da escola, Carlos Santos destacou que a proposta vai além do palco.

“O Encontro com as Artes está na sua 13ª edição e, este ano, a temática foi a década de 60, um período de muita ebulição social no mundo todo. É importante trabalhar esse tema porque, além de estimular a expressão do aluno seja musicalmente, oralmente ou por meio da dança, também incentiva a pesquisa e o aprofundamento em assuntos que serão úteis em vestibulares e na vida. Muitos grupos estudaram figuras como Martin Luther King, Che Guevara e Marilyn Monroe”, explicou, que também define a arte como instrumento de reflexão social.
“A arte sempre foi inquietante e reflete a sociedade. Se a sociedade está sendo oprimida, o artista vai demonstrar isso em suas produções. A arte nunca fica calada, ela sempre grita e defende os oprimidos”, afirmou o coordenador.
Esta edição contou com 14 apresentações e diferentes formatos criativos. Desde curta-metragens e desfiles de moda até jograis e espetáculos teatrais. Cada turma escolheu, junto com o professor orientador, a melhor forma de trabalhar o subtema escolhido.

Entre os participantes do evento, a estudante Maysa Rodrigues Dias, de 16 anos, do 1º ano do ensino médio, participou pela primeira vez apresentando o poema “Hotel Paradise” em inglês.

“Como é a minha primeira vez aqui, tudo é novidade. Acho muito bom reunir as turmas para falar sobre vários assuntos e aprender juntos. A arte ajuda a gente a se expressar melhor e a falar de um jeito diferente. Mesmo com as dificuldades na pronúncia, conseguimos preparar o poema em grupo e apresentar”, contou a estudante.
O evento também recebeu artistas convidados, como Fernando Moura, da banda O Sósia, e Marco Gonzalez, da Mocotó Beat, que apresentaram um repertório inspirado em Chico Buarque, Gilberto Gil e Rita Lee.
“É muito especial estar aqui e falar sobre os anos 60, ditadura, censura e liberdade. Essa geração lutou para que hoje pudéssemos nos expressar livremente. Já estive nesse lugar como estudante e sei o quanto a arte pode transformar e salvar vidas”, afirmou Fernando.

Marco destacou o papel da música amapaense e da resistência artística.
“A gente propõe uma renovação da música amapaense com diversas influências e participação de artistas que estão há anos na cena. A arte sempre foi uma forma de resistência Gil, Caetano e Chico foram exilados e censurados, e hoje seguimos nessa linha de expressão e liberdade”, completou o artista.
Além das apresentações, a programação incluiu exposições pedagógicas com pesquisas, fotografias e maquetes produzidas ao longo do ano letivo, consolidando o Encontro com as Artes como um espaço de formação cidadã e reflexão histórica dentro da escola pública amapaense.

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