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SAÚDE INCLUSIVA

Mãe surda recebe suporte da Central de Libras durante primeiro atendimento odontológico do filho no CEO do Amapá

Samara Vieira levou Samuel para cuidar da saúde bucal; iniciativa do Governo do Amapá tem reduzido barreiras históricas ao garantir intérpretes de Libras.

Por Júnior Nery
29/09/2025 08h00
Samara Vieira contou com intérprete da Central de Libras para levar o pequeno Samuel à primeira consulta odontológica

O acesso à saúde pública sempre foi um desafio para Samara Vieira, de 28 anos, surda desde o nascimento. Mas, ela viveu uma experiência diferente ao contar com um intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras) para acompanhar a primeira consulta do filho no Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) estadual.

O atendimento inclusivo foi garantido com os profissionais da Central de Tradutores e Intérpretes de Libras (Cilsaúde), novo serviço criado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) para assegurar que pessoas surdas tenham atendimento acessível, humanizado e sem barreiras de comunicação na rede pública de saúde.

No CEO, o pequeno Samuel, de 2 anos de idade, também recebeu tratamento especializado da equipe voltada para pacientes com necessidades especiais, pois o menino tem comportamento atípico e está em investigação para autismo. Ele estava com manchas nos dentes e a mãe suspeitava de cárie.

Primeira ida do Samuel ao dentista foi uma experiência única para o odontopediatra e para o paciente

A consulta, no entanto, trouxe não apenas um diagnóstico esclarecedor, mas também um exemplo de como a acessibilidade garante direitos. Com 25 anos de experiência, o odontopediatra José Adriano contou que ficou surpreso ao atender uma mãe surda acompanhada por um intérprete de Libras.

José Adriano, odontopediatra do CEO estadual

“Essa foi a primeira vez, em toda a minha carreira, que vivi essa experiência. A comunicação foi muito mais fácil, sem dúvida, extraordinária a atuação desse setor que a Sesa oferece hoje. É fundamental para garantir o acesso universal à saúde”, destacou o dentista.

Quebrando barreiras

Na avaliação, o especialista constatou que as manchas que preocupavam a mãe não eram cáries, mas sim marcas provocadas pelo uso de sulfato ferroso, medicamento prescrito para tratar anemia. Apesar do alívio, o profissional recomendou que Samara retorne com Samuel, levando escova e creme dental próprios da criança, para reforçar a rotina de higiene bucal.

Segundo relato da mãe ao intérprete e coordenador da Cilsaúde, Wesley Ribeiro, o menino apresenta resistência durante a escovação diária, mas ela garante que mantém a regularidade do hábito, apesar das dificuldades.

“Esta foi a segunda vez que dona Samara acionou o Cilsaúde para marcar atendimentos na rede pública de saúde. Na próxima semana, vamos acompanhá-la com o filho ao neurologista do Hospital de Clínicas Dr. Alberto Lima [Hcal], para investigar a suspeita de autismo. Também vamos acompanhar a família ao fisioterapeuta no Centro de Reabilitação do Amapá [Creap], já que Samuel possui uma condição congênita no punho e no tornozelo", explicou o intérprete.

Comunicação facilitada com ajuda do tradutor de Libras, Wesley Ribeiro, coordenador do Cilsaúde

Avaliação desafiadora

O odontopediatra também ressaltou o desafio de atender o Samuel, que apresentou forte relutância e chorou mesmo estando no colo da mãe. Ainda sem diagnóstico formal de autismo, a consulta não foi inicialmente direcionada ao atendimento especializado para Pacientes com Necessidades Especiais (PNE).

George Araújo, diretor do CEO estadual

O diretor do CEO, George Araújo, explicou que o encaminhamento não ocorreu porque não havia apresentação de laudo ou confirmação médica da condição. Mas reforçou o compromisso da unidade em garantir prioridade a esse público.

“Temos duas especialistas dedicadas ao atendimento de pacientes PNE, justamente porque a gestão estadual prioriza oferecer o melhor serviço em saúde bucal, com humanidade e qualidade, a todos os cidadãos”, ressaltou.

A história de Samara, que ficou surda após a mãe contrair rubéola, e de Samuel, evidencia o papel transformador da Cilsaúde, que tem aproximado usuários surdos dos serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Amapá. Mais do que intérpretes, a Central representa inclusão, respeito e a certeza de que cada cidadão tem direito de ser atendido em sua integralidade.

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ÁREA: Saúde