Com apoio do Governo do Amapá, estudantes da rede pública expõem obras artesanais de matriz africana na Casa do Artesão, em Macapá
Peças produzidas por alunos da Escola Estadual Prof. Antônio Castro Monteiro chamam a atenção pela riqueza de detalhes; exposição segue aberta ao público até 20 de janeiro.
Estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental II da Escola Estadual Prof. Antônio Castro Monteiro surpreenderam professores, familiares e a comunidade escolar com peças artesanais produzidas manualmente durante a “Oficina de Artesanato Religioso”. A cerimônia de encerramento do ano letivo e abertura da exposição, que segue até o dia 20 de janeiro, foi realizada pelo Governo do Amapá na sexta-feira, 26, na Casa do Artesão, em Macapá.
A mostra apresenta vasos artesanais confeccionados em cerâmica, resultado das atividades práticas desenvolvidas no projeto. As peças chamaram a atenção pela riqueza de detalhes, com grafismos africanos, símbolos religiosos, trabalhos em alto-relevo, pinturas, aplicação de cordas e identificação dos próprios autores, evidenciando criatividade, técnica e identidade cultural adquiridas na oficina, aliadas aos conteúdos trabalhados em sala de aula.
“O projeto surgiu dentro da escola, a partir das vivências dos nossos alunos. A professora da disciplina de História, Micaele Moreno, conseguiu articular os conteúdos trabalhados em sala, especialmente sobre religiões de matriz africana, e transformá-los em produções artísticas construídas pelos próprios estudantes”, explicou Kátia Gahmã, diretora da unidade.
A iniciativa foi desenvolvida por meio de parceria entre o Governo do Amapá, o Centro Cultural Maracá e o projeto Arte Mery, executado no ambiente escolar com o objetivo de integrar educação, cultura e inclusão social.
“Durante os quase dois meses de oficina, acompanhamos de perto a produção dos alunos e fomos surpreendidos a cada etapa. As peças ultrapassaram nossas expectativas e mobilizaram toda a comunidade escolar, especialmente as famílias, que vieram prestigiar o trabalho dos estudantes”, completou a gestora, destacando o sentimento de dever cumprido.
Artesanato como arte, inclusão e identidade
A condução artística da oficina ficou sob responsabilidade do projeto Arte Mery, que tem como slogan “Argila que acalma. Texturas que conectam”, representado pelos artesãos Marcides de Oliveira e a esposa, Josy Gonçalves, que destacou o caráter inclusivo e formativo da ação.
“Esses estudantes não produziram apenas vasos; produziram arte. Em um curto período, aprenderam um ofício valorizado cultural e economicamente, o que impacta diretamente suas perspectivas de futuro. O Arte Mery nasceu com a proposta de incluir. Aqui, a arte é uma ferramenta de pertencimento, onde pessoas com deficiência, jovens em situação de vulnerabilidade e diferentes identidades culturais encontram espaço para se expressar”, pontuou a artesã.
O professor de cerâmica Marcílio de Oliveira, um dos responsáveis pela orientação técnica dos estudantes, explicou que o processo foi adaptado à realidade escolar, sem o uso de torno elétrico. Todo o material utilizado foi confeccionado com itens recicláveis, como canetas, madeira e ferramentas improvisadas, desenvolvidas pelos próprios participantes da oficina.
“Desenvolvemos uma técnica própria utilizando blocos de cerâmica, permitindo que os alunos criassem livremente. A proposta foi unir técnica, criatividade e referências da cultura amapaense, como o maracá e os grafismos ancestrais. Foi uma experiência enriquecedora e uma grata surpresa descobrir tanto potencial artístico em alunos tão jovens”, destacou o instrutor de artes.
Empolgado e satisfeito com a obra criada, o estudante Luiz Gustavo, de 12 anos, relatou o processo de aprendizagem até a produção do primeiro vaso, inspirado pelas aulas de História e pelas técnicas de artesanato adquiridas ao longo da oficina.
“No início, achamos que não iríamos conseguir, mas, com as orientações, aprendemos as técnicas e conseguimos produzir os vasos. Usamos símbolos africanos que estudamos nas aulas de História, além de pintura e corda”, contou o estudante, que iniciou um novo aprendizado nas artes plásticas.
Exposição e legado cultural
A exposição dos trabalhos está aberta ao público até o dia 20 de janeiro, no térreo da Casa do Artesão, no Centro de Macapá. O projeto Oficina de Artesanato Religioso foi contemplado pelo Edital n.º 0003/2024, da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB Amapá).
Parte das obras será destinada a exposições institucionais, inclusive em espaços culturais fora do estado, em razão da vinculação do projeto a políticas públicas de incentivo à cultura. Outras peças permanecerão na Casa do Artesão, enquanto uma parte integrará o acervo da escola e dos próprios alunos.
Casa do Artesão de Macapá
Localizada no Centro de Macapá, a Casa do Artesão é um ponto de referência para visitantes que buscam o artesanato regional do Amapá. O espaço reúne cerca de 28 mil peças em exposição, produzidas por artesãos locais com materiais como cerâmica, argila, manganês, sementes e fibras naturais.
Além do artesanato, o local oferece cosméticos, bebidas, pimentas, cachaças e especiarias da biodiversidade amazônica, todos certificados com o Selo Amapá.
Considerada um dos principais pontos turísticos da cidade, a Casa do Artesão é mantida pelo Governo do Amapá, por meio de ações integradas das Secretarias de Cultura, Educação, Trabalho e Empreendedorismo, e Turismo. O espaço funciona de segunda a sábado, das 8h às 19h, e aos domingos, das 11h às 17h.
Educação que Transforma
A Secretaria de Estado da Educação incorporou o projeto ao programa de governo “Educação que Transforma”, um conjunto de investimentos voltados à ampliação, modernização e criação de oportunidades concretas para os estudantes da rede pública.
A iniciativa contempla melhorias na infraestrutura escolar, aquisição de tecnologia, equipamentos e mobiliário, além da construção de novos ambientes educacionais, como bibliotecas, laboratórios e salas temáticas, bem como a valorização dos profissionais da educação.
O programa está em execução desde 2023. Um exemplo é a transformação de 34 unidades escolares, reconstruídas pela atual gestão e adaptadas a um novo modelo pedagógico, mais inovador e alinhado ao processo contemporâneo de ensino-aprendizagem. Em 2026, o programa seguirá avançando com novas ações na educação pública do Amapá.
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