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RESGATE CULTURAL

'É como se fosse um renascimento', diz pajé mais antigo do povo Karipuna sobre a reinauguração do Museu Kuahí, em Oiapoque

Cacique Raimundo Iaparrá celebrou a entrega do espaço pelo Governo do Amapá, que resgata a memória dos povos originários do estado.

Por Leidiane Lamarão
21/07/2025 13h26
Cacique Raimundo Iaparrá, pajé mais antigo do povo Karipuna, celebrou emocionado a entrega do museu pelo Governo do Amapá

Em um momento histórico de reconhecimento e respeito à diversidade cultural do Amapá, o governador Clécio Luís entregou no sábado, 19, o novo Museu Kuahí dos Povos Indígenas de Oiapoque - Arte, Ciência e Tecnologia, com gestão total das etnias do município, no extremo Norte do país.

Mais do que um prédio imponente em engenharia e estética, o espaço volta a ser referência em cultura e preservação dos saberes ancestrais como epicentro da memória cultural dos povos indígenas da região. Com a participação ativa da comunidade, a entrega foi comemorada pelo cacique Raimundo Iaparrá, pajé mais antigo do povo Karipuna.

Cacique Raimundo Iaparrá

“É como se a nossa memória voltasse a respirar. A gente sente orgulho e alegria de ver esse espaço de novo cheio de vida, cheio da nossa arte, das nossas vozes. O Kuahí é nosso e está mais forte do que nunca, é como se fosse um renascimento”, discursou o cacique com a voz embargada pela emoção.

O museu passa a ser uma referência obrigatória na museologia indígena e deixa uma marca importante na paisagem de Oiapoque, mostrando a consolidação de uma pauta histórica e coletiva das comunidades indígenas da região, que encontra eco em políticas públicas implementadas pelo Governo do Amapá, com esforço coletivo das Secretarias de Estado da Cultura (Secult) e dos Povos Indígenas, (Sepi), em consonância com as associações e coletivos indígenas.

'Reconhecimento à ancestralidade indígena do Amapá', diz governador Clécio Luís na entrega do novo Museu Kuahí, em Oiapoque

Diversas apresentações marcaram a inauguração do Museu Kuahí
Secretária da Cultura, Clicia Vieira Di Miceli, e o governador Clécio Luís

“O Kuahí, como nos museus tradicionais, pesquisa, coleciona, conserva e expõe objetos, obras de arte, artefatos, histórias, com objetivo de gerar conhecimentos e entreter o público, porém, o que o diferencia daquela tipologia de museus é sua abordagem mais interativa e participativa, com exposições e atividades imersivas que permitem aos visitantes vivenciarem os seus acervos de maneira mais direta. A grande novidade desse museu vivo e orgânico, é sua abordagem decolonial, cujos processos museológicos foram realizados pelos próprios povos indígenas daquele território. Toda a construção, concepção, narrativas, foram protagonizadas pelos próprios detentores de suas histórias e culturas. Além das exposições, o Kuahí funciona como um verdadeiro ponto de apoio para os povos indígenas. Temos uma biblioteca voltada especialmente para o uso das comunidades, acesso à internet, refeitório, redário — tudo pensado para atender às necessidades e à permanência dos indígenas no espaço. É um local onde a cultura não está apenas guardada, mas é vivida, compartilhada e fortalecida todos os dias”, destaca a secretária de Cultura do Amapá, Clicia Vieira Di Miceli.

Criado a partir de uma demanda do movimento indígena nos anos 1990 e inaugurado em 2007, o Kuahí permaneceu fechado por mais de uma década. Agora, retorna como um centro vivo de memória, cultura, ciência, arte e tecnologia, reunindo os povos Karipuna, Palikur-Arukwayene, Galibi-Marworno e Galibi Kali’na em torno de um projeto coletivo de valorização das próprias raízes.

Sonia Jeanjacque, secretária dos Povos Indígenas do Amapá

“Essa reabertura nos emociona porque representa um sonho coletivo. O Kuahí volta como símbolo de resistência e também como plataforma de visibilidade para nossas línguas, saberes e formas de existir. É um espaço de futuro que honra nossa ancestralidade” destaca a secretária da Sepi, Sônia Jeanjacque.

A programação de abertura contou apresentações de Turé, Sanpula, teatro indígena, feira de artesanato e programação cultural com artistas amapaenses e ainda, shows com cantores amapaenses e da Guiana Francesa.

A reinauguração do Museu Kuahí é um gesto que vai além da política institucional

A escolha do nome “Kuahí”, que na língua indígena significa pacu, peixe-prateado que vive em cardume, carrega o simbolismo da coletividade. Os povos do Oiapoque se reconhecem como diversos, mas unidos e é esse espírito que ecoa nas paredes, nos rituais, nas palavras e nas danças do novo museu.

A reinauguração do Museu Kuahí é um gesto que vai além da política institucional. É um gesto de escuta, reparação e compromisso com o que há de mais precioso, a cultura viva dos povos que moldam a história do Amapá e do Brasil. Ao mesmo tempo em que se consolida como importante ponto turístico e educativo, o museu já se articula como peça central nas pautas culturais que o Amapá prepara para apresentar durante a COP30, que ocorre em novembro, em Belém (PA).

O local será ponto de encontro dos saberes culturais dos povos indígenas de Oiapoque

Visite o Kuahí

O novo Museu Kuahí dos Povos Indígenas de Oiapoque - Arte, Ciência e Tecnologia está de portas abertas para a população de terça-feira aos domingos, das 9h às 17h. O local abriga mais de 500 peças etnográficas e arqueológicas, que também podem ser acessadas digitalmente pela plataforma Tainacan. 

A estrutura conta ainda com biblioteca, sala de espetáculos, salas de exposição, área pedagógica, loja de artesanato, redário, refeitório e um espaço dedicado à produção artística e audiovisual indígena.

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ÁREA: Cultura