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Pesquisadores da Ueap vencem edital nacional para desenvolvimento de projeto de valorização de resíduos florestais com nanomateriais

Equipe multidisciplinar atua de forma inovadora com Biorrefinaria Amazônica de Nanomateriais, para reduzir impactos ambientais.

Por Diego Diniz
05/07/2025 14h04
Equipe de pesquisadores da Ueap

Um projeto inovador desenvolvido por pesquisadores da Universidade do Estado do Amapá (Ueap), batizado de “Biorrefinaria Amazônica: Valorização de Resíduos Florestais para Conversão em Nanomateriais”, promete revolucionar a forma como a Amazônia lida com seus resíduos florestais. A iniciativa, aprovada no edital Proinfra de Desenvolvimento Regional, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com um investimento robusto de R$ 7.954.302,89, visa transformar o que antes era descartado em valiosos nanomateriais biodegradáveis.

Imagine uma embalagem de alimentos feita com um filme transparente, resistente e biodegradável. Em vez de plástico derivado de petróleo, esse filme é feito com nanofibrilas de celulose. Este novo tipo de filme pode substituir plásticos convencionais em embalagens de alimentos; atuar como barreira contra oxigênio e umidade, prolongando a validade dos produtos; ser compostável, reduzindo o impacto ambiental.

Segundo os pesquisadores, os nanomateriais também podem ser utilizados na indústria têxtil com o desenvolvimento de tecidos com propriedades antibacterianas e maior resistência como bioplásticos, embalagens sustentáveis, biocompósitos estruturais, adesivos entre outros materiais de utilidades tanto cotidianas como industriais.

O cerne do projeto é a valorização de fibras de resíduos agroflorestais da Amazônia para a obtenção de bioprodutos nanoestruturados. O coordenador da iniciativa, professor Dr. Matheus Cordazzo Dias, do colegiado de Engenharia Florestal da Universidade do Estado do Amapá (UEAP), destaca a importância estratégica dessa abordagem. 

“A princípio faremos o desenvolvimento de novos produtos e testes em escala laboratorial, mas visando o seu sucesso, podemos avançar para a produção em escala industrial, após análise técnica e de viabilidade econômica da sua inserção no mercado”, planeja Dias.

O pesquisador explica ainda que as nanofibrilas são estruturas com diâmetro aproximadamente 80 mil vezes mais fino que um fio de cabelo humano. Apesar de tão finas, elas podem atingir grandes comprimentos, o que lhes confere uma altíssima razão de aspecto (relação entre comprimento e diâmetro) – e essa característica resulta em propriedades mecânicas superiores às das fibras em escala macroscópica, garantindo ao material grande resistência.

Da Floresta ao Laboratório: Um Caminho para a Sustentabilidade

A equipe multidisciplinar da Ueap está focada em três objetivos específicos: otimizar o tratamento de diferentes tipos de fibras, produzir nanomateriais como nanofibrilas de celulose, nanopartículas de lignina e nanocarvão ativado, avaliando a qualidade desses materiais para o desenvolvimento de bionanocompósitos.

Podemos dizer que o projeto se insere em uma visão de médio a longo prazo, pois as transformações e exigências do mercado pela busca por materiais mais sustentáveis, por si só, já constitui um grande avanço na transição energética e na independência de combustíveis fósseis. Estamos falando em uso sustentável de recursos naturais e em reduzir a pressão sobre os recursos madeireiros. Cada resíduo florestal que transformamos em nanomaterial é menos uma árvore derrubada para outros fins. É um ganho ambiental enorme”, ressalta a professora Dr. Carla Priscilla Távora Cabral, também da Engenharia Florestal.

No aspecto econômico, o projeto promete impulsionar a bioeconomia local. A instalação de um centro multiusuário visa impulsionar o desenvolvimento econômico e social do Amapá e de outros estados da Região Norte, além da geração de novos conhecimentos e tecnologias, reforça a professora.

"Vamos contribuir para uma nova economia circular, trazendo novos conhecimentos no uso de materiais lignocelulósicos alternativos para além da madeira, analisando principalmente resíduos de outras cadeias produtivas", finaliza Carla.

Legado e Inovação para o Amapá
Além dos impactos ambientais, econômicos e sociais, o projeto espera gerar resultados concretos em termos de formação de recursos humanos, produção científica e infraestrutura de pesquisa. A professora Dr. Monize Martins da Silva, do colegiado de Licenciatura em Química, destaca a criação do primeiro Centro Multiusuário de Apoio à Pesquisa do estado do Amapá. 

“Este centro, com seus laboratórios de Biorrefinaria e Nanotecnologia de Recursos Florestais e de Análises e Prospecção Química, fortalece o nosso compromisso com a pesquisa científica, a inovação e o desenvolvimento regional, especialmente porque os recursos oriundos da Finep nos permitirão investir em infraestrutura, formação de recursos humanos e no fortalecimento de laboratórios e grupos de pesquisa”, celebra Monize Silva. 

A pró-reitora considera ainda que a conquista amplia a visibilidade da Ueap no cenário acadêmico e científico, abrindo portas para novas parcerias, redes de colaboração e futuras captações de recursos

O projeto está em consonância com diversos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, incluindo erradicação da pobreza, inovação e infraestrutura, redução das desigualdades, cidades e comunidades sustentáveis, consumo e produção sustentáveis, ação contra a mudança global do clima, e parcerias para a implementação dos objetivos.

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