Tambores ecoam para saudar o Cortejo da Murta durante o Ciclo do Marabaixo 2025, com apoio do Governo do Amapá
Programação que celebra a ancestralidade afroamapaense segue até o ‘Domingo do Senhor’, em 22 de junho.

No fim da tarde de domingo, 8, as caixas romperam o silêncio para anunciar que o marabaixo chegou nas matas da comunidade de Casa Grande, localizada às margens da Rodovia AP-070, na Área de Proteção Ambiental (APA) do Curiaú. Por mais um ano, integrantes do grupo cultural da comunidade se reuniram para realizar o Cortejo da Murta da Santíssima Trindade.
O momento é parte do Ciclo do Marabaixo 2025, programação apoiada pelo Governo do Amapá, que segue até 22 de junho. Os devotos foram até uma região de mata nas proximidades para fazer a colheita da murta, erva que serve para enfeitar o mastro, erguido ao raiar do dia. O Cortejo acontece entre o ponto de retirada e o barracão, com os marabaixeiros entoando os ladrões (versos) e mantendo viva a tradição.

“Esse é um dos momentos mais aguardados dentro da programação do Ciclo. Além da tradição em si, o Cortejo da Murta envolve a união de familiares e integrantes do nosso grupo, para mantermos o legado dos nossos antepassados”, disse a coordenadora do grupo Santíssima Trindade da Casa Grande, Josefa Chagas.
E a união é também de gerações. Entre os participantes dos rituais, estava a jovem Nádia Nayara Ramos, de 19 anos, que destacou a felicidade que é ser parte da manutenção da tradição de seu povo.

“É mais um momento importante. Participo das rodas de marabaixo desde criança e cada vez que temos oportunidade de fazer parte disso é uma emoção diferente”, destacou Nádia.
Simultaneamente, a programação do Domingo do Mastro ocorreu também em outros barracões dos bairros da Favela (Santa Rita) e Laguinho, além da Santíssima Trindade exaltando também o Divino Espírito Santo. Teve cortejo e caixas rufando nos grupos Marabaixo do Pavão, Raízes da Favela, Associação Zeca e Bibi Costa (Azebic) e Raimundo Ladislau.
A diretora adjunta da Fundação Marabaixo, Laura Silva, destacou a importância do apoio do Governo do Estado para a realização da programação do Ciclo do Marabaixo.

“O Governo do Estado apoia, fomenta e realiza ações para valorizar e difundir a cultura do marabaixo. São projetos e ações que vão muito além do rufar das caixas nas rodas de marabaixo, mas que também envolvem a transversalidade, através da educação, do esporte e outras áreas afins”, destacou Laura.
No sábado, 7, o Cortejo do Mastro aconteceu nos barracões dos grupos Berço do Marabaixo e União Folclórica de Campina Grande (UFCG). A programação terá continuidade no domingo, 15, com rituais em honra à Santíssima Trindade; na quinta-feira, 19, haverá a Corrida do Ciclo do Marabaixo, com largada às 6h do barracão Gertrudes Saturnino (Berço do Marabaixo) e o tradicional Marabaixo de Corpus Christi, a partir das 16h, no mesmo barracão.

Ciclo do Marabaixo 2025
Em 2025, o Ciclo do Marabaixo celebra o centenário de Benedita Guilherma Ramos, a "Tia Biló", matriarca do marabaixo do Laguinho, falecida em 2021, aos 96 anos. O investimento para o festejo é de R$ 2,5 milhões, fruto de recursos do Tesouro Estadual e de emenda destinada pelo senador Randolfe Rodrigues.
A programação é realizada pelas famílias tradicionais do Amapá, é reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde novembro de 2018. Essa manifestação típica reúne danças de roda, percussão, cantigas que relatam o cotidiano da população quilombola amapaense, somadas às festas do catolicismo popular, e inicia sempre no Sábado de Aleluia e se estende até o domingo seguinte a Corpus Christi, este ano, de 19 de abril a 22 de junho.
Fique por dentro das notícias do Governo do Amapá no ==> Instagram e Facebook.
Siga o canal do Governo do Amapá no WhatsApp e receba notícias em primeira mão!