Agência de Notícias do Amapá
portal.ap.gov.br
Ferramenta de pesquisa
ÁREA DE GOVERNO
TAGS
LOCALIDADES
CONTEÚDO
PERÍODO
De
A
CULTURA

'Quero que o mundo sinta a energia da nossa Amazônia Negra', declara compositor amapaense de samba finalista do concurso da Mangueira

Wendel Uchoa é um dos responsáveis pela composição do samba 11, que estará na última etapa da disputa neste sábado, na quadra da Verde e Rosa, no Rio de Janeiro.

Por Leidiane Lamarão
25/09/2025 10h20
Compositores do samba 11, finalista na disputa

O Amapá e o mundo vão descobrir no próximo sábado, 27, qual será o samba que vai embalar a Estação Primeira de Mangueira no carnaval de 2026. A escola de samba vai decidir entre as quatro obras finalistas de compositores amapaenses.

O compositor Wendel Uchôa é um dos nomes que representa o Amapá na disputa pelo samba-enredo da Estação Primeira de Mangueira para o Carnaval de 2026. Ao lado de Ailson Picanço, Ronie Machado, Giovani, Marquinho e M. Moraes, ele assina o Samba 11, uma das obras que concorrem para embalar o desfile que vai cantar o Amapá, com a história de Mestre Sacaca na Marquês de Sapucaí.

Segundo o compositor, a inspiração para escrever o samba surgiu em um lugar que considera muito especial, o Museu Sacaca, em Macapá. Ele lembra com carinho do momento em que as primeiras ideias surgiram.

“O samba começou a ser escrito entre uma conversa minha e de Ailson Picanço, quando eu estava no museu lendo o livro de receitas do mestre”, conta Wendel.

Para ele, participar do concurso de samba-enredo da Mangueira, compondo um samba que fala da terra natal, o Amapá, é muito mais do que missão cultural, é uma oportunidade de dar visibilidade à cultura da Amazônia Amapaense. 

“Enquanto ativista cultural, sempre me senti na missão de divulgar nossa expressão cultural, nossa vivência para o mundo. Vi neste enredo uma oportunidade gigante, então aceitei o convite e montamos a parceria”, destaca o compositor.

Para ele, a maneira como a sinopse da Mangueira conseguiu retratar o Amapá de forma ampla e respeitosa, foi o que mais lhe entusiasmou.

“Ela exalta o nosso povo, as nossas belezas, a nossa cultura. O Amapá tem muito para mostrar. Se eu não tivesse lido, diria que é impossível citar todos os encantos do Amapá. Meus parabéns para Sidney França, Felipe Tinoco e Sthefanye Paz,, os responsáveis por essa belíssima obra que é a sinopse do carnaval 2026”, observa o artista.

Ele conta que, para chegarem à versão final, o samba passou por várias mudanças.

 “Acredito que tivemos mais de cinco versões até chegar na final”, revela. 

O trecho mais desafiador de escrever, segundo Wendel, foi justamente o refrão principal, e é nele que, para o compositor, está o coração da obra:

“Xamã Babalaô, Guardião do meu ilê, rompe mato e faz tremer aldeia, Caboclo Preto Velho, Verde e Rosa é meu sagrado, toca o Marabaixo, Mangueira!”

Para Wendel, o trabalho em parceria trouxe muito aprendizado e o resultado é um samba acessível, de fácil compreensão, que consegue transmitir a força da cultura amapaense para o público.

Emoção na quadra

O impacto da obra já foi sentido na quadra da Mangueira. “Tivemos uma excelente surpresa em nossa primeira apresentação, com ótima aceitação e entusiasmo dos "crias" da Mangueira”, lembra. 

Ele destaca ainda um dos momentos mais emocionantes.

“O ensaio parou e os mestres de bateria apresentaram o Fábio Sacaca para toda bateria, e os ritmistas rufaram os instrumentos para o neto do homenageado. Foi muito emocionante”, relembra.

Wendel Uchôa com a família do homenageado, Mestre Sacaca

Com a final se aproximando, Wendel se prepara para o que considera um dos momentos mais importantes da vida.

“Vai ser muito emocionante ver minha obra na avenida, cantada por milhares de vozes. Estou me preparando emocionalmente para esse momento.”

Vencer a disputa, segundo ele, seria uma conquista histórica:

“Sou marabaixeiro e frequento o carnaval das escolas de samba há muito tempo. Ver o mundo cantar a Estação Primeira de Mangueira, exaltando o estado que tanto amo, é um sonho. Uma conquista que ficará marcada para a eternidade”, garante.

Convite ao público

Wendel deixa um recado para quem vai acompanhar a final na quadra da Mangueira:

“Escute nosso samba com atenção, traga a energia positiva para o Palácio do Samba, sinta a força de todos os encantos tucujus e venha cantar o hino que será eternizado pela Estação Primeira de Mangueira”, destaca.

Quem é Wendel Uchôa

Wendel Marques Uchôa, 28 anos, amapaense, é psicólogo, quilombola, do quilombo de Igarapé do lago, marabaixeiro, músico, compositor, primeiro amapaense a ter uma composição na Marquês de Sapucaí pela escola de samba Porto da Pedra no carnaval de 2025.

O primeiro contato dele com a música foi pelo do marabaixo e batuque, danças típicas do Amapá. O primeiro festival foi em 2017, organizado pela Nação Marabaixeira onde foi campeão com o primo Marcus Paes, com o ladrão de Marabaixo denominado “No Marabaixo é assim”.

Após entrar no mundo da música, o amapaense começou a estudar outros segmentos musicais e foi então que o samba entrou na vida dele.

Após as experiências no Amapá, o artista decidiu participar dos sambas no Rio de Janeiro em 2023. 

Já em 2024, o amapaense recebeu o convite do compositor paraense Ailson Picanço, para disputar o festival com a equipe dele na Porto da Pedra, escola da série Ouro do Rio de Janeiro.

Em 204, Wendel tornou-se o primeiro amapaense a ter samba-enredo campeão no Rio de Janeiro, com a escola Unidos do Porto da Pedra.

Samba 11 - Compositores: Alexandre Naval, Wendel Uchoa, Ronie Machado, Giovani, Marquinho M. Moraes e Ailson Picanço 

Conheça o samba 11

Ao ecoar o som do maracá 
Meu jequitibá é ritual de fé 
Awê Turé! Awê Turé!
A flauta anuncia o transe do pajé 
Karipuna já dançou Wajãpi no chão bradou 
Tawari anuviou sereno 

Mestre Sacaca é ensinamento 
Na beira do rio Guardou o balanço da maré 
Na pororoca carregado de axé 

Sobe o Jari, seu moço ... Ê canoeiro!
Se não corre em furo d'água 
Não se mete com banzeiro 
Na palafita amparada de palmeiras 
Deixa um presente à Estação Primeira 

Folha seca pra benzer na moleira 
Faz a reza Tucuju Se manifesta pra criança se curar
Ê sumano vá buscar Garrafada pra menina 
Na fervura sete dias ... sete noites ao luar!

Foi na encruzilhada que se formou 
No encontro dos igarapés 
Quilombo vivo assentado em nossos pés 
Sob a raiz do Amapá 
Giram matriarcas puxando o vento 

Pro divino anunciar Macacaueiro em pele de sucuriju 
No tronco oco ressoou o meu tambor!
Canta! No terreiro oração se dança!
No toque de caixa ligeiro

A bandaia se faz entender Samba!
No Laguinho, rei sentinela 
Com os crias da favela 
A floresta vai vencer!

Xamã Babalaô! Guardião do meu Ilê! 
Rompe mato e faz tremer aldeia
Caboclo Preto Velho Verde e Rosa é meu sagrado 
Toca o Marabaixo, Mangueira!

Fique por dentro das notícias do Governo do Amapá no ==> Instagram e Facebook.
Siga o canal do Governo do Amapá no WhatsApp e receba notícias em primeira mão!

ÁREA: Cultura