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DO AMAPÁ PARA O MUNDO

É do Amapá! Governo do Estado celebra os quatro sambas finalistas do concurso de samba-enredo da Mangueira

As obras vão disputar o direito de embalar o desfile da Verde e Rosa no Carnaval carioca em 2026, na Marquês de Sapucaí.

Por Leidiane Lamarão
21/09/2025 23h10
A decisão acontece no próximo sábado, 27, na quadra da Verde e Rosa, no Rio de Janeiro

O talento amapaense voltou a brilhar no Rio de Janeiro (RJ) neste sábado, 20. Em uma noite de festa e animação, mais dois sambas de compositores do Amapá garantiram vaga na grande final do concurso de samba-enredo da Estação Primeira de Mangueira, uma das mais tradicionais escolas de samba do país. O Governo do Estado exalta esses talentos que levam a cultura e tradição do Carnaval amapaense para o mundo.

A decisão acontece no próximo sábado, 27, na quadra da Verde e Rosa, reunindo sambistas, compositores, amantes do carnaval e uma torcida animada. As obras disputam o direito de embalar o desfile da Mangueira no Carnaval 2026, que terá como enredo “Mestre Sacaca do Encanto Tucuju – O Guardião da Amazônia Negra”. A homenagem valoriza a Amazônia amapaense e o legado do cientista popular Mestre Sacaca, símbolo de sabedoria, resistência e preservação da cultura amazônica.

Finalistas

Para os compositores do estado, a classificação é um reconhecimento nacional e uma oportunidade histórica de levar a musicalidade tucuju para a Marquês de Sapucaí.

Os sambas 103, de Verônica dos Tambores, Piedade Videira, Laura do Marabaixo, Antonio Neto, Clóvis Júnior e Marcelo Zona Sul, e 105, assinado por Francisco Lino, Hickaro Silva, Camila Lopes, Silmara Lobato e Bruno Costa, foram os vencedores da etapa estadual e garantiram vaga direta na finalíssima.

Compositores do samba 103
Compositores do samba 105

Agora, os sambas 11, que tem como um dos autores o amapaense Wendel Uchoa ao lado de Alexandre Naval, Ronie Machado, Giovani, Marquinho M. Moraes e Ailson Picanço, e 15, do compositor Joãozinho Gomes junto a Pedro Terra, Tomaz Miranda, Paulo César Feital, Herval Neto e Igor Leal, conquistaram as outras duas vagas da noite. Com isso, a força da composição amapaense estará representada nos quatro sambas finalistas. 

Sambistas da composição 11
Sambistas da composição 15

“Ter quatro sambas amapaenses na final de um concurso tão disputado mostra a força, o profissionalismo e o alto nível de nossos compositores. É o Amapá sendo ouvido, cantado e celebrado no maior palco do carnaval brasileiro”, celebra a secretária de Estado da Cultura, Clicia Vieira Di Miceli.

A grande final será aberta ao público e promete uma noite de fortes emoções, com a exaltação da cultura amazônica no coração da Mangueira.

Conheça os quatro sambas finalistas e seus compositores: 

Samba 11 - Compositores: Alexandre Naval, Wendel Uchoa, Ronie Machado, Giovani, Marquinho M. Moraes e Ailson Picanço 

Ao ecoar o som do maracá 
Meu jequitibá é ritual de fé 
Awê Turé! Awê Turé!
A flauta anuncia o transe do pajé 
Karipuna já dançou Wajãpi no chão bradou 
Tawari anuviou sereno 

Mestre Sacaca é ensinamento 
Na beira do rio Guardou o balanço da maré 
Na pororoca carregado de axé 

Sobe o Jari, seu moço ... Ê canoeiro!
Se não corre em furo d'água 
Não se mete com banzeiro 
Na palafita amparada de palmeiras 
Deixa um presente à Estação Primeira 

Folha seca pra benzer na moleira 
Faz a reza Tucuju Se manifesta pra criança se curar
Ê sumano vá buscar Garrafada pra menina 
Na fervura sete dias ... sete noites ao luar!

Foi na encruzilhada que se formou 
No encontro dos igarapés 
Quilombo vivo assentado em nossos pés 
Sob a raiz do Amapá 
Giram matriarcas puxando o vento 

Pro divino anunciar Macacaueiro em pele de sucuriju 
No tronco oco ressoou o meu tambor!
Canta! No terreiro oração se dança!
No toque de caixa ligeiro

A bandaia se faz entender Samba!
No Laguinho, rei sentinela 
Com os crias da favela 
A floresta vai vencer!

Xamã Babalaô! Guardião do meu Ilê! 
Rompe mato e faz tremer aldeia
Caboclo Preto Velho Verde e Rosa é meu sagrado 
Toca o Marabaixo, Mangueira!

Samba 15 - Compositores: Pedro Terra, Tomaz Miranda, Joãozinho Gomes, Paulo César Feital, Herval Neto, Igor Leal 

Finquei minha raiz
No extremo norte onde começa o meu país
As folhas secas me guiaram ao turé
Pintada em verde-e-rosa, jenipapo e urucum

Árvore-mulher, mangueira quase centenária
Uma nação incorporada
Herdeira quilombola, descendente palikur
Regateando o Amazonas no transe do caxixi
Corre água, jorra a vida do Oiapoque ao Jari

Çai erê, babalaô, mestre sacaca
Te invoco do meio do mundo pra dentro da mata
Salve o curandeiro, doutor da floresta

Preto velho, saravá
Macera folha, casca e erva
Engarrafa a cura, vem alumiar
Defuma folha, casca e erva... saravá
Negro na marcação do marabaixo

Firma o corpo no compasso
Com ladrões e ladainhas que ecoam dos porões
Ergo e consagro o meu manto
Às bençãos do Espírito Santo e São José de Macapá
Sou gira, batuque e dançadeira (areia)

A mão de couro do amassador (areia)
Encantaria de benzedeira que a amazônia negra eternizou
No barro, fruto e madeira, história viva de pé
Quilombo, favela e aldeia na fé

De Yá, benedita de oliveira, mãe do morro de mangueira
Ouça o canto do uirapuru
Yá, benedita de oliveira, benze o morro de mangueira
E abençoe o jeito tucuju
A magia do meu tambor te encantou no jequitibá
Chamei o povo daqui, juntei o povo de lá
Na Estação Primeira do Amapá

Samba 103 - Compositores: Verônica dos Tambores, Piedade Videira, Laura do Marabaixo, Antonio Neto, Clóvis Júnior e Marcelo Zona Sul

Sacaca, escutei uma voz. 
Era você. No meio de nós,
eu sou Mangueira. Na magia da floresta
a sabedoria que respeita a terra.
O vento sopra, o transe do pajé rompe a meia-noite.
É ritual. Ture, fumaça de tawari.
O xamã Babalaô, num gole de kaxixi, encantos revelou.
Maré me leva nas águas do Curipi,
de quem sempre esteve aqui: Waiapis e Caripunas pelo Jari, esperança em cada olhar.
Ribeirinho nunca deixa de sonhar entre os furos e buritis.

Risca o amapazeiro, põe a seiva na cachaça.
Cura o corpo, curandeiro. Benzedeira cura a alma!
Preto-velho “engarrafou” riquezas naturais.
“Caboco”, não se esqueça dos saberes ancestrais!

Bebericando gengibirra com o mestre,
“Mar abaixo”, “mar acima”, a gente segue.
Saia florida, “Sá Dona”, no Curiaú,
a fé “encruza” no “Em Canto” Tucujú.

“É de manhã, é de madrugada”,
“É de manhã, é de madrugada”,
couro de sucurijú no batuque envolvente.
Quilombola da Amazônia jamais se rende!

Eu vi... em cada oração, o corpo arrepiar,
bandeiras vibrando à luz do luar.
Tambores se encontram cantando em louvor.
Senti os sabores, aromas e cores
nas mãos que moldam nossos valores.
“Meu preto”, da mata és o griô!

Ajuremou, deixa a Juremar.
O samba é verde e rosa e guia meu caminhar.
Ajuremou, deixa Ajuremar.
Cuidado, chegou Mangueira, na ginga do Amapá. 

Samba 105 - Francisco Lino e Parceria - Compositores: Francisco Lino, Hickaro Silva, Camila Lopes, Silmara Lobato e Bruno Costa.

Turé...
Quem invocou o ritual?
Eu trago a força ancestral
Do Povo da floresta
Banzeiro de memórias
Navegam as histórias
Onde meu país começa
Remei, Remei a maré me levou
Pra revelar o que não vês a olho nu
Todo encanto Tucuju

Tem mandinga verde-rosa
Na Estação Primeira
Mangueira vem sambar
Benzi tua bandeira
Nesse Rio caudaloso de fé
Desce o morro banhada de axé

Contra todo o mal tem garrafada
Ervas e Flores pra dores curar
Tiro quebranto nas mãos sagradas
Lição de Preto Velho, Saravá!
Xamã, Doutor, Guardião, Babalaô
Saberes vibrando no tambor
Tem Marabaixo no "Encontro" ao luar...
Encantado folião na passarela
Coroado Rei do Laguinho à Favela

Mangueira chamou: "Sacaca!"
Minha voz ecoou na mata!
O meio do mundo é a nossa aldeia
Incorporou! A Amazônia é negra! 

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ÁREA: Cultura